19 de abril de 2024
Instituto Ressurgir
Textos

O RACISMO É UMA DESGRAÇA!

Valdilene Oliveira Martins*

Para fugir da violência, do preconceito e da discriminação, a gente pode esconder de alguém que é pobre, pode esconder que é homossexual, pode até esconder que é mulher como muitas delas fizeram em séculos passados para poderem estudar ou divulgar as suas ideias e a sua arte, mas a gente NÃO PODE ESCONDER QUE É UMA PESSOA NEGRA!


Não conheço ninguém que perdeu o emprego apenas porque era branco, não conheço ninguém que deixou de ser contratado, mesmo com bom curriculum, apenas porque era branco, nunca vi ninguém ser chamado de macaco apenas por ser branco, nunca soube de alguém que foi impedido de entrar em determinado local, apenas por ser branco, nunca soube de alguém que tomou “baculejo” da polícia, só porque era branco, nunca soube de alguém que ficou sob suspeita de estar furtando em alguma estabelecimento comercial, só porque era branco, nunca soube de alguém que segurou a bolsa com mais força por perceber a aproximação de uma pessoa branca…


Então, enquanto o racismo for estrutural, no Brasil, não bastará instituir cotas, para pessoas negras, nas instituicões de Ensino superior ou no mercado de trabalho, é preciso mais… Se faz mister uma mudança de comportamento social, para transformar a sociedade. É imprescindível que procedemos a desconstrução dessa cultura escravocrata e colonialista, que faz com seres humanos queiram se sobrepor aos seus iguais, pressupondo uma suposta soberania sem respaldo algum, além das ideias bizarras oriundas de mentes despreziveis e criminosas.


Precisamos falar sobre o tema INCANSAVELMENTE, SEMPRE, SEMPRE! Temos que levar esclarecimentos, informações, orientações e, sobretudo, FALAR , MOSTRAR e EXPOR O ÓBVIO, que a igualdade de direitos é respaldada pela lei e a lei há de ser cumprida, quer seja por bem, quer seja por mal! Pode parecer pouco, mas não é, pois o silêncio sobre esses temas que violam os direitos humanos tem sido, ao meu ver, a maior óbice para que continuemos a mudar o status quo.


Não é suficiente não praticarmos ou não pactuados com o racismo com o machismo, com a misoginia, com a LGBTfobia, com a aporofobia ou com quaisquer outras práticas repulsivas afins… precisamos, sobretudo, combater essas práticas e as falas que as sustentam, venham de onde vierem.


Ainda existem muitas pessoas que não querem falar sobre esses temas pra não ficarem “mal vista”, para não se exporem, nem se indisporem, por isso é que o silêncio das pessoas que se dizem boas é mil vezes mais ensurdecedor é prejudicial que o barulho que fazem as pessoas más.


*Valdilene Oliveira Martins
Advogada de família e criminalista, que atua exclusivamente na assistência jurídica de mulheres em situação de violência doméstica e familiar, presidente do Instituto RESSURGIR Sergipe