Valdilene Martins*
Em algumas regiões do Afeganistão, os nomes das mulheres não são pronunciados, nem escritos nas suas receitas médicas, nem nas suas lápides, quando morrem…
No Brasil, temos os nossos nomes e as nossas identidades, mas NÃO DE FORMA PLENA, também sofremos dessa mesma doença… da SINDROME DA INVISIBILIDADE FEMININA, só que em formado diferente, mas tão rotineira e tão naturalmente, que sequer percebemos ou nos incomodamos como deveríamos…
Como é que somos tratadas, como é que somos chamadas?
Somos chamadas sempre no masculino, somos TODOS, SENHORES, CIDADÃOS, DELEGADOS, PROFESSORES, EMPREGADOS, TRABALHADORES, SERVIDORES, MÉDICOS, ADVOGADOS, PAIS, AMIGOS, IRMÃOS, FILHOS, TIOS, PRIMOS, PATRÕES, SENADORES, DEPUTADOS, VEREADORES, CANTORES, ATORES, ESCRITORES, DEFENSORES, PROMOTORES, JUÍZES, DESEMBARGADORES, PSICÓLOGOS, FUNDADORES, COORDENADORES, etc…
A nossa linguagem também se constitui numa forma de violência contra a mulher, pois ela ainda é masculina, extremamente sexista, que propícia a invisibilidade feminina de forma contundente e rotineira. Então, podemos dizer que, aqui no Brasil, as nossas “burcas” tem outras formas!
*Valdilene Oliveira Martins
Advogada de família e criminalista, que atua exclusivamente na assistência jurídica de mulheres em situação de violência doméstica e familiar, presidente do Instituto RESSURGIR Sergipe